quinta-feira, 29 de agosto de 2013

A Maldição do titã - capitulo 4



                            Thália incendeia a Nova Inglaterra

Ártemis nos assegurou que o amanhecer estava chegando, mas você poderia ter me enganado. Estava mais frio e mais escuro e nevando mais do que nunca. No alto da colina, as janelas de Westover Hall estavam completamente apagadas. Eu me perguntei se os professores teriam notado que os di Angelo e o Dr. Espinheiro ainda estavam desaparecidos. Eu não queria estar por perto quando notassem. Com a minha sorte, o único nome que a Srta. Tengiz se lembraria seria “Percy Jackson,” e então eu seria o objeto de uma caçada humana por todo o país… de novo.

As Caçadoras desmontaram acampamento mais rápido do que o montaram. Eu fiquei tremendo na neve (diferente das Caçadoras, que não pareciam sentir qualquer desconforto), e Ártemis encarava o leste como se ela estivesse esperando por algo.

Bianca estava sentada a um canto, conversando com Nico. Eu poderia dizer pelo semblante carregado dele que ela estava explicando sua decisão de se juntar às Caçadoras. Eu não pude evitar pensar o quão egoísta ela era, abandonando o irmão daquela forma.

Thalia e Grover vieram e se comprimiram junto a mim, ansiosos em ouvir o que

aconteceu em minha audiência com a deusa. Quando eu disse a eles, Grover empalideceu.

– A última vez que as Caçadoras visitaram o acampamento, as coisas não correram bem.

– Como elas apareceram aqui? – eu me admirei. – Quero dizer, elas simplesmente surgiram do nada.

– E Bianca se juntou a elas – Thalia disse, aborrecida. – É tudo culpa de Zoë. Aquela exibida, malvada –

– Quem pode culpá-la? – Grover disse. – Eternidade com Ártemis? – Ele soltou um pesado suspiro.

Thalia rolou os olhos.

– Sátiros. Vocês estão todos apaixonados por Ártemis. Você não percebe que ela nunca vai te amar em resposta?

– Mas ela é tão… natural – Grover desfaleceu.

– Você é louco – disse Thalia.

– Louco e lunático – Grover disse sonhadoramente. – É.

Finalmente o céu começou a clarear. Ártemis murmurou:

– Já não era sem tempo. Ele é tã-ã-ão lento durante o inverno.

– Você está, hum, esperando pelo nascer do sol? – eu perguntei.

– Pelo meu irmão. Sim.

Eu não tive a intenção de ser rude. Quero dizer, eu conhecia as lendas sobre Apolo – ou às vezes Hélio – dirigindo uma grande carruagem solar pelo céu. Mas eu também sabia que o sol era realmente uma estrela distante um zilhão de milhas. Eu me acostumei a alguns mitos gregos serem verdade, mas ainda assim… eu não conseguia ver como Apolo poderia dirigir o sol.

– Não é exatamente como você pensa – Ártemis disse, como se ela estivesse lendo minha mente.

– Ah, certo. – Eu comecei a relaxar. – Então, não é como se ele fosse chegar puxando uma –

Houve uma súbita explosão de luz no horizonte. Um sopro de calor.

– Não olhe – Ártemis advertiu. – Não até que ele estacione.

Estacione?

Eu desviei meus olhos, e vi que as outras crianças estavam fazendo a mesma coisa. A luz e o calor se intensificaram até que meu casaco de inverno pareceu estar derretendo em mim. Então de repente a luz cessou.

Eu olhei. E não pude acreditar. Era o meu carro. Bem, o carro que eu queria, de qualquer forma. Um Maserati Spyder vermelho conversível. Era tão impressionante que brilhava. Então eu percebi que brilhava porque o metal estava quente. A neve havia derretido em volta do Maserati em um círculo perfeito, o que explicava por que eu estava agora sobre grama verde e meus sapatos estavam úmidos.

O motorista desceu, sorrindo. Ele parecia ter dezessete ou dezoito anos, e por um segundo eu tive a sensação inquietante de que era Luke, meu antigo inimigo. Este rapaz tinha o mesmo cabelo arenoso e aparência boa e aventureira. Mas não era Luke. Este rapaz era mais alto, sem qualquer cicatriz em seu rosto como Luke. Seu sorriso era mais brilhante e brincalhão. (Luke não fazia mais que carrancas e escárnio ultimamente). O motorista do Maserati vestia jeans e sapatos de viagem e camiseta sem mangas.

– Uau – Thalia murmurou. – Apolo é quente.

– Ele é o deus do sol – eu disse.

– Não foi o que eu quis dizer.

– Irmãzinha! – Apolo chamou. Se seus dentes fossem mais brancos ele poderia ter nos cegado sem o carro solar. – O que se passa? Você nunca liga. Você nunca escreve. Eu estava ficando preocupado!

Ártemis suspirou.

– Eu estou bem, Apolo. E eu não sou sua irmãzinha.

– Ei, eu nasci primeiro.

– Nós somos gêmeos! Quantos milênios nós vamos ter que discutir –

– Então o que se passa? – ele interrompeu. – Tem as meninas com você, eu vejo. Vocês todas precisam de algumas dicas sobre arco?

Ártemis rangeu seus dentes.

– Eu preciso de um favor. Eu tenho uma caçada a fazer, sozinha. Eu preciso que você leve minhas companheiras para o Acampamento Meio-Sangue.

– Claro, mana! – então ele ergueu suas mãos em um gesto para tudo. – Eu sinto um haicai vindo.

Todas as Caçadoras gemeram. Aparentemente elas já conheciam Apolo. Ele limpou sua garganta e ergueu uma mão dramaticamente.


Grama verde quebra através da neve.

Ártemis pede por minha ajuda.

Eu sou legal.


Ele sorriu largamente para nós, esperando por aplausos.

– Aquela última linha tinha apenas quatro sílabas – Ártemis disse.

Apolo amarrou a cara.

– Tinha?

– Sim. Que tal eu sou cabeçudo?

– Não, não, aí são seis sílabas. Hmm. – Ele começou a murmurar consigo.

Zoë Doce-Amarga se virou para nós.

– Lorde Apolo está nessa fase de haicai desde que visitou o Japão. Não é tão ruim como na vez em que ele visitou Limerick. Se eu tiver que ouvir mais um poema que comece com Havia uma deusa de Esparta...

– Consegui! – Apolo anunciou. – Eu sou terrível. São cinco sílabas! – Ele se inclinou, parecendo muito satisfeito consigo mesmo. – E agora, mana. Transporte para as Caçadoras, você diz? Bom momento. Eu já estava pronto para rodar.

– Esses semideuses também vão precisar de uma carona – Ártemis disse, apontando para nós. – Alguns campistas de Quíron.

– Sem problemas! – Apolo nos checou. – Vamos ver… Thalia, certo? Eu ouvi tudo sobre você.

Thalia enrubesceu.

– Oi, Lorde Apolo.

– A garota de Zeus, sim? Faz de você minha meia irmã. Costumava ser uma árvore, não é? Que bom que você voltou. Eu odeio quando garotas bonitas são transformadas em árvores. Cara, eu me lembro de uma vez –

– Irmão – Ártemis disse. – Você deve ir.

– Oh, certo. – Então ele olhou para mim, e seus olhos se estreitaram. – Percy Jackson?

– É. Eu quero dizer… sim, senhor.

Parecia estranho chamar um adolescente de ‘senhor’, mas eu havia aprendido a ser cuidadoso com imortais. Eles tendiam a se ofender facilmente. Então eles arrebentavam coisas.

Apolo me estudou, mas não disse nada, o que eu achei um pouco arrepiante.

– Bem! – ele disse por fim. – É melhor carregarmos, huh? O percurso só vai em um sentindo – oeste. E se você perde, você perde.

Eu olhei para o Maserati, no qual podiam se sentar duas pessoas no máximo. Havia aproximadamente vinte de nós.

– Carro legal – Nico disse.

– Obrigado, garoto – Apolo falou.

– Mas como nós todos vamos caber?

– Ah. – Apolo pareceu notar o problema pela primeira vez. – Bem, é. Eu odeio alterar o modo carro esportivo, mas eu suponho...

Ele tirou as chaves do carro e bipou o botão do alarme de segurança. Chirp, chirp.

Por um momento, o carro brilhou intensamente de novo. Quando o brilho cessou, o Maserati havia sido substituído por um daqueles furgões Turtle Top como os que usávamos para os jogos de basquete da escola.

– Certo – ele disse. – Todos dentro.

Zoë ordenou às Caçadoras que começassem a carregar. Ela pegou sua mochila de acampar, e Apolo disse:

– Aqui, querida. Deixe-me levar isto.

Zoë recuou. Seus olhos lampejaram perigosamente.

– Irmão – Ártemis censurou. – Você não ajuda minhas Caçadoras. Você não olha, conversa ou flerta com minhas Caçadoras. E você não as chama de querida.

Apolo abriu suas mãos.

– Desculpe. Esqueci. Ei, mana, de qualquer maneira, para onde você vai?

– Caçar – Ártemis disse. – Não é da sua conta.

– Eu vou descobrir. Eu vejo tudo. Sei tudo.

Ártemis bufou.

– Apenas os deixe, Apolo. E sem ficar enrolando!

– Não, não! Eu nunca enrolo.

Ártemis rolou seus olhos, então olhou para nós.

– Eu os verei no solstício de inverno. Zoë, você está no comando das Caçadoras. Faça bem. Faça como eu faria.

Zoë se endireitou.

– Sim, minha senhora.

Ártemis se ajoelhou e tocou o chão como se estivesse procurando por pistas. Quando se levantou, parecia preocupada.

– Tanto perigo. A besta deve ser encontrada.

Ela disparou em direção ao bosque e se misturou à neve e às sombras. Apolo se virou e sorriu, girando a chave do carro em seu dedo.

– Então – ele disse. – Quem quer dirigir?

As Caçadoras se amontoaram no furgão. Elas todas se abarrotaram nos fundos para que ficassem o mais longe possível de Apolo e do resto de nós, como se fôssemos altamente infecciosos. Bianca se sentou com elas, deixando seu irmão mais novo pendurado na frente conosco, o que me pareceu frio, mas Nico não pareceu se importar.

– Isto é tão legal! – Nico disse, pulando para cima e para baixo no banco do motorista. – Isto é realmente o sol? Eu pensei que Hélio e Selene eram os deuses do sol e da lua. Como pode ser às vezes eles e às vezes você e Ártemis?

– Redução de custos – Apolo disse. – Os romanos começaram com isso. Eles não davam conta de todos aqueles templos de sacrifícios, então eles demitiram Hélio e Selene e vincularam suas funções à nossa descrição de trabalho. Minha mana ficou com a lua. Eu com o sol. Era bem irritante no começo, mas pelo menos eu peguei este carro legal.

– Mas como isso funciona? – Nico perguntou. – Eu pensei que o sol fosse uma grande bola flamejante de gás!

Apolo riu entre os dentes e afagou os cabelos de Nico.

– Este rumor provavelmente começou porque Ártemis costumava me chamar de grande bola flamejante de gás. Sério, criança, isso depende se você está falando de astronomia ou de filosofia. Você quer falar de astronomia? Bah, que graça há nisso? Você quer falar sobre como os humanos pensam sobre o que é o sol? Ah, isso é mais interessante. Eles têm muito que andar no sol… er, por assim dizer. Ele os mantém aquecidos, aumenta suas culturas, move motores, faz tudo parecer, bem, mais ensolarado. Este carro foi construído fora do humano, sonhos sobre o sol, garoto. É tão velho quanto a Civilização Ocidental. Todos os dias, ele dirige através do céu de leste a oeste, iluminando aquelas franzinas vidas mortais. O carro é uma manifestação do poder do sol, o modo como os mortais o percebem. Faz sentido?

Nico balançou sua cabeça.

– Não.

– Então, bem, somente o veja como um poderoso, realmente perigoso, carro solar.

– Posso dirigir?

– Não. Muito novo.

– Oo! Oo! – Grover levantou sua mão.

– Mm, não – Apolo disse. – Muito peludo. – Ele olhou além de mim e focou em Thalia. – Filha de Zeus! – ele disse. – Lorde dos céus. Perfeito.

– Ah, não. – Thalia balançou sua cabeça. – Não, obrigada.

– Vamos – Apolo disse. – Quantos anos você tem?

Thalia hesitou.

– Eu não sei.

Era triste, mas verdadeiro. Ela fora transformada em árvore quando tinha doze anos, mas isso foi há sete anos. Então ela teria dezenove, se você contar pelos anos. Mas ela ainda sentia como se tivesse doze, e se você olhasse para ela, ela parecia estar em algum lugar no meio. O melhor que Quíron pode deduzir foi que ela continuou a envelhecer enquanto estava como árvore, mas muito mais devagar.

Apolo bateu os dedos em seus lábios.

– Você tem quinze, quase dezesseis.

– Como você sabe isso?

– Ei, eu sou o deus da profecia. Eu sei coisas. Você vai fazer dezesseis em cerca de uma semana.

– É meu aniversário! Vinte e dois de dezembro.

– O que significa que você tem agora idade suficiente para dirigir com uma licença de aluno!

Thalia mexeu seu pé nervosamente.

– Hum...

– Eu sei o que você vai dizer – Apolo disse. – Você não merece a honra de dirigir o carro solar.

– Isso não era o que eu ia dizer.

– Não se preocupe! Maine até Long Island é realmente uma viagem curta, e não se preocupe com o que aconteceu com a última criança que eu treinei. Você é filha de Zeus. Ele não vai jogar você para fora do céu.

Apolo riu naturalmente. O resto de nós não se juntou a ele.

Thalia tentou protestar, mas Apolo absolutamente não ia aceitar ‘não’ como resposta. Ele apertou um botão no painel do carro, e um letreiro apareceu ao longo da parte superior do pára-brisa. Eu tive que lê-lo em sentido contrário (o que, para um disléxico, realmente não é diferente do que ler para frente). Eu tinha certeza que dizia CUIDADO: MOTORISTA ESTUDANTE.

– Tira isso daí! – Apolo disse a Thalia. – Vai ser natural para você!

Eu vou admitir que estava com inveja. Eu mal podia esperar para começar a dirigir. Algumas vezes naquele outono, minha mãe me levou para Montauk quando a estrada da praia estava vazia, e ela me deixou tentar em seu Mazda. Quero dizer, era um compacto japonês, e este é um carro solar, mas quão diferente poderia ser?

– Velocidade igual calor – Apolo advertiu. – Então comece devagar, e tenha certeza que ganhou uma boa altitude antes de você realmente acelerar.

Thalia agarrou o volante com tanta força que seus nós ficaram brancos. Ela parecia que ia passar mal.

– O que está errado? – perguntei a ela.

– Nada – ela disse tremulamente. – N-nada está errado.

Ela puxou o volante. Ele se inclinou, e o furgão pulou adiante tão rápido que eu caí para trás e bati em algo macio.

– Ow – Grover disse.

– Desculpe.

– Mais devagar! – Apolo disse.

– Desculpe! – Thalia falou. – Eu tenho tudo sob controle!

Eu consegui me levantar. Olhando pela janela, eu vi um anel de árvores fumegando na clareira de onde decolamos.

– Thalia – eu disse, – devagar com o acelerador.

– Eu sei, Percy – ela falou, rangendo seus dentes. Mas o manteve pressionado.

– Fique calma – eu disse a ela.

– Eu estou calma! – Thalia disse. Ela estava tão rígida que parecia que era feita de madeira compensada.

– Nós precisamos nos desviar para o sul, para Long Island – Apolo disse. – Incline para a esquerda.

Thalia deu um puxão no volante e novamente me jogou em cima de Grover, que uivou.

– A outra esquerda – Apolo sugeriu.

Eu cometi o erro de olhar pela janela novamente. Nós estávamos na altura de aviões agora – tão alto que o céu começava a parecer escuro.

– Ah... – Apolo disse, e tive a impressão de que ele estava se forçando a parecer calmo. – Um pouco mais baixo, querida. Cape Cod está congelando.

Thalia inclinou a direção. Seu rosto estava branco feito cal, sua nuca gotejava de suor. Algo definitivamente estava errado. Eu nunca a vi assim.

O furgão arremeteu para baixo e alguém gritou. Talvez fosse eu. Agora estávamos indo na direção do oceano Atlântico a mil quilômetros por hora, o litoral da Nova Inglaterra à nossa direita. E estava ficando quente no furgão.

Apolo havia sido jogado em algum lugar na traseira do furgão, mas ele começou a escalar as fileiras de bancos.

– Pegue o volante! – Grover implorou a ele.

– Não se preocupe – Apolo disse. Ele parecia muito preocupado. – Ela só tem que aprender a – UOU!

Eu vi o que ele estava vendo. Abaixo de nós havia uma pequena, coberta de neve, cidade da Nova Inglaterra. Pelo menos, costumava ser coberta de neve. Conforme eu olhava, a neve derreteu das árvores e dos telhados e dos gramados. A branca torre do campanário de uma igreja se tornou marrom e começou a arder sem chamas. Pequenas plumas de fumaça, como velas de aniversário, estavam pipocando por toda cidade. Árvores e topos de telhados estavam pegando fogo.

– Pare! – gritei.

Havia uma luz selvagem nos olhos de Thalia. Ela puxou de volta a direção, e eu estava preparado desta vez. Conforme nos distanciamos, eu pude ver pela janela de trás que os focos de incêndio na cidade estavam sendo varridos pela súbita corrente de ar frio.

– Ali! – Apolo apontou. – Long Island, mortalmente à frente. Vamos desacelerar, querida. ‘Mortalmente’ é só uma expressão.

Thalia estava ribombando em direção à costa da Nova Inglaterra setentrional. Ali estava o Acampamento Meio-Sangue: o vale, as florestas, a praia. Eu podia ver o pavilhão-refeitório, os chalés e o anfiteatro.

– Eu estou sob controle – Thalia murmurou. – Eu estou sob controle.

Nós estávamos apenas a algumas centenas de metros agora.

– Freie – Apolo disse.

– Eu posso fazer isso.

– FREIE!

Thalia enfiou seu pé no freio, e o furgão solar se arremessou para frente em um ângulo de 45°, batendo no lago de canoagem do Acampamento Meio-San água com cestas de vime meio tecidas. O furgão flutuou na superfície, juntamente com um par de canoas viradas e meio queimadas.

– Bem – disse Apolo com um bravo sorriso. – Você estava certa, minha querida. Você tinha tudo sob controle! Que tal vermos se queimamos alguém importante, vamos?gue com um grande FLOOOOOOSH! Vapor emergia, fazendo com que várias náiades assustadas saíssem da

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