sábado, 31 de agosto de 2013

O ultimo olimpiano - capitulo 13




                                Um titã me traz um presente

Nós podíamos ver a bandeira branca a meia milha de distância, ela era do tamanho de uma baliza de futebol, carregada por um gigante de nove metros com uma pele azul e cabelos de um branco gelado.

– Um Hiperbóreo – disse Thalia. – Os gigantes do norte. É um mau sinal que eles estejam do lado de Cronos. Geralmente eles são pacíficos.

– Você os conhece? – Eu disse.

– Mmm. Há uma grande colônia em Alberta. Você não vai querer entrar em uma guerra de bolas de neve com esses caras.

À medida que o gigante se aproximava, eu pude ver três formas humanas do seu lado: um meio-sangue de armadura, um demônio empousa vestida de negro com seu cabelo flamejante e um homem alto em um smoking. A empousa pegou o braço do cara de smoking, então eles pareciam um casal em direção a um show da Broadway ou algo do tipo – exceto pelo cabelo flamejante e as presas.

O grupo caminhou prazerosamente em direção ao Hecksher Playground. Os balanços e as quadras de baseball estavam vazios. O único som vinha da fonte no Umpire Rock.

Olhei para Grover.

– O cara de smoking é o Titã?

Ele assentiu nervosamente.

– Ele parece um mago. Eu odeio magos. Eles geralmente têm coelhos.

Eu o fitei.

– Você tem medo de coelhinhos?

– Bé-é-é! Eles são valentões. Sempre roubando aipo dos sátiros indefesos.

Thalia tossiu.

– O quê? – Grover perguntou.

– Nós vamos trabalhar na sua fobia de coelhinhos depois. – Eu disse. – Eles estão vindo.

O homem de smoking deu um passo à frente. Ele era mais alto que um humano médio – cerca de dois metros. Os cabelos pretos estavam amarrados em um rabo de cavalo. Grandes óculos escuros cobriam seus olhos, mas o que chamou minha atenção era a sua pele, estava cheia de arranhões. Como se um pequeno animal tivesse o atacado – um hamster realmente muito, muito louco.

– Percy Jackson – ele disse em uma voz sedosa – É uma grande honra.

A sua amiga empousa sibilou para mim. Ela provavelmente havia ouvido sobre eu ter destruído duas amigas suas no verão passado.

– Minha querida – o Cara de Smoking disse a ela. – Por que não você não se acomoda por ali, hein?

Ela largou seu braço e se arrastou até um banco de praça.

Eu dei uma olhadela para o semideus ao lado do Cara de Smoking. Eu não conseguia reconhecê-lo no seu novo elmo, mas era meu velho guarda-costas Ethan Nakamura. O seu nariz parecia um tomate amassado da nossa briga na ponte Williamsburg. Isso me fez sentir melhor.

– Hey, Ethan! – Eu disse. – Você está bonito assim.

Ele me olhou fixamente.

– Aos negócios – o arrumadinho estendeu sua mão. – Sou Prometeu.

Eu estava surpreso com o gesto.

– O sujeito que roubou o fogo? O cara acorrentado nas pedras com os abutres?

Prometeu estremeceu. Ele tocou nos arranhões do seu rosto.

– Por favor, não mencione os abutres. Mas sim, eu roubei o fogo dos deuses e dei aos teus antecessores. Em retorno, o sempre piedoso Zeus me acorrentou em uma pedra e me torturou eternamente.

– Mas...?

– Como fiquei livre? Hércules o fez, eras atrás, como você vê. Portanto, como vê, tenho uma quedinha por heróis. Alguns de vocês podem ser civilizados.

– Diferente da sua companhia, você diz – observei.

Eu estava olhando para Ethan, mas Prometeu aparentemente olhou para a empousa.

– Oh, demônios não são tão ruins – ele disse. – Você só tem que mantê-los bem alimentados. Agora, Percy Jackson, vamos negociar.

Ele me levou até uma mesa de piquenique e nós sentamos. Thalia e Grover parados atrás de mim.

O gigante azul encostou a sua bandeira em uma árvore, e distraidamente começou a brincar no parquinho. Ele passou nas barras de macaco e as quebrou, mas ele não parecia enfurecido. Ele apenas franziu o cenho e disse:

– Uh-oh.

Então foi até a fonte e quebrou a bacia de concreto na metade.

– Uh-oh.

A água congelou quando tocou seus pés. Um monte de bichos de pelúcia estava pendurado no seu cinto – do tipo que se ganha prêmios em um fliperama. Ele me lembrou Tyson, e a ideia de lutar com ele me deixou mal.

Prometeu sentou na minha frente e cruzou os dedos. Ele tinha um olhar sério, gentil e sábio.

– Percy, a sua posição é fraca. Você sabe que não é capaz de aguentar outro ataque.

– Veremos.

Prometeu parecia aflito, como se ele realmente se importasse com o que acontecesse comigo.

– Percy, eu sou o Titã das previsões, eu sei o que vai acontecer.

– E também o Titã dos conselhos ardilosos – Grover interveio. – Com ênfase em ardilosos.

Prometeu sacudiu os ombros.

– É verdade, sátiro. Mas eu apoiei os deuses na última guerra. Eu disse a Cronos: “Você não tem a força. Você vai perder.” E eu estava certo. Então você vê, eu sei escolher o lado vencedor. Dessa vez eu estou indo com Cronos.

– Porque Zeus acorrentou você em uma pedra – eu supus.

– Em parte, sim. Não vou negar que quero vingança. Mas essa não é a única razão de eu apoiar Cronos. É a escolha mais sábia. Eu estou aqui para que você possa ouvir a razão.

Ele desenhou um mapa na mesa com o seu dedo. Onde quer que ele tocasse, aparecia uma linha dourada, brilhando no concreto.

– Essa é Manhattan. Nós temos tropas aqui, aqui, aqui e aqui. Nós sabemos seus números. Temos vinte homens para cada um dos seus.

– O espião te mantém informado – afirmei.

Ele sorriu desculpando-se.

– Seja como for, nossas forças vêm aumentando a cada dia. Hoje à noite, Cronos vai atacar. Você vai lutar bravamente, mas não há forma de defender toda Manhattan. Você vai ser forçado a recuar até o prédio do Empire State. Então você vai ser destruído. Eu vi isso. Vai acontecer.

Eu passei pela imagem que Rachel havia desenhado nos meus sonhos – um exército na base do Empire State. Eu lembrei as palavras da menina Oráculo dos meus sonhos: “Eu vejo o futuro. Eu não posso mudá-lo.” Prometeu falou com muita certeza, e era difícil não acreditar nele.

– Não vou deixar isso acontecer – falei.

Prometeu espanou uma poeirinha para fora da lapela do seu smoking.

– Entenda, Percy, você está relutando a Guerra de Tróia aqui. Padrões se repetem na historia. Eles reaparecem como os monstros. Uma grande batalha. Dois exércitos. A única diferença, dessa vez você está defendendo. Você é Tróia. Você sabe o que aconteceu com os troianos, não é?

– Então vocês vão enfiar um cavalo de madeira nos elevadores do Empire State Building? – Eu perguntei. – Boa sorte.

Prometeu sorriu.

– Tróia foi completamente destruída, Percy. Você não vai querer que isso aconteça aqui. Desista, e Nova York vai ser poupada. Suas forças vão ter anistia garantida. Eu vou pessoalmente me assegurar da sua segurança. Deixe Cronos pegar o Olimpo. Quem se importa? Tifão vai destruí-lo de qualquer maneira.

– Certo – eu disse. – E eu tenho que acreditar que Cronos vai poupar a cidade.

– Tudo que ele quer é o Olimpo – garantiu Prometeu. – A força dos deuses está ligado aos seus tronos de poder. Você viu o que aconteceu ao palácio submarino de Poseidon quando foi atacado.

Eu vacilei, lembrando quão velho e decrépito estava meu pai.

– Sim – Prometeu disse tristemente. – Eu sei quão difícil foi para você. Quando Cronos destruir o Olimpo os deuses vão cair. Ficarão tão fracos que serão facilmente destruídos. Ele preferiria fazer isso enquanto Tifão mantém os olimpianos distraídos no oeste. Seria mais fácil. Menos vidas seriam perdidas. Mas não se engane: o máximo que você poderá fazer é nos retardar. Depois de amanhã Tifão chegará a Nova York, e vocês não terão nenhuma chance. Os deuses e o Monte Olimpo ainda serão destruídos, mas será muito mais desagradável. Muito, muito pior para você e sua cidade. De qualquer maneira, os Titãs irão governar.

Thalia bateu seu punho contra a mesa.

– Eu sirvo Artemis. As Caçadoras vão lutar até o seu último fôlego. Percy, você não vai ficar ouvindo esse verme, vai?

Achei que Prometeu fosse liquidá-la, mas ele apenas sorriu.

– A sua coragem a distingue, Thalia Grace.

Thalia enrijeceu-se.

– Esse é o sobrenome da minha mãe. Eu não o uso.

– Como quiser – disse Prometeu casualmente, mas pude ver que ele a havia atingido.

Eu nunca havia ouvido o sobrenome de Thalia. De alguma forma ele conseguia fazer tudo parecer normal. Menos misterioso e poderoso.

– De qualquer forma – disse o titã – você não precisa ser minha inimiga. Eu sempre fui um benfeitor da humanidade.

– Isso é um monte de bosta de Minotauro – Thalia disse. – Quando os primeiros humanos foram sacrificados para os deuses, você trapaceou ficando com a maior parte. Você nos deu fogo para incomodar os deuses, não porque se importava conosco.

Prometeu sacudiu a cabeça.

– Você não entende. Eu ajudei a moldar o seu caráter.

Um pedaço de argila apareceu em suas mãos. Rapidamente o transformou em um boneco com braços e pernas. O pequeno homem não tinha olhos, mas cambaleava sobre a mesa batendo-se nos dedos de Prometeu.

– Eu venho sussurrando nos ouvidos dos homens desde o começo da sua existência. Eu represento a sua curiosidade, o seu senso aventureiro, a sua inventividade. Deixe-me ajudar, Percy. Faça isso e eu darei um novo presente à humanidade – uma nova revelação que irá movê-la para frente assim como o fogo fez. Você não pode fazer este tipo de avanço com os deuses. Eles nunca permitirão isso. Mas esta pode ser uma nova era de ouro para vocês. Ou...

Com o punho cerrado, ele esmagou o homem de argila, que ficou parecendo uma panqueca.

– Oh-oh. – ribombou a voz do gigante azul

Sobre o banco do parque, a empousa mostrou os seus dentes em um sorriso.

– Percy, você sabe que os Titãs e os seus descendentes não são todos maus – Prometeu disse. – Você deve conhecer Calipso.

Meu rosto ficou quente.

– Isso é diferente.

– Quanto? Tanto quanto eu, ela não fez nada de errado, mas mesmo assim ela foi exilada para sempre simplesmente por ser filha de Atlas. Nós não somos os seus inimigos. Não deixe que o pior aconteça – pediu ele. – Nós te oferecemos paz.

Eu olhei para Ethan Nakamura.

– Você deve odiar isto. Se nós fizermos o acordo, você não terá vingança. Você não vai matar a nós todos. Não é isso que você quer?

O seu olho bom se alargou.

– Tudo que eu quero é respeito, Jackson. Os deuses nunca me deram isso. Você queria que eu fosse ao seu estúpido acampamento, passar meu tempo amontoado no chalé de Hermes porque eu não sou importante? Nunca reconhecido?

Ele soou como Luke quanto tentou me matar na floresta no acampamento quatro anos atrás. A memória fez minha mão doer onde o escorpião havia me picado.

– Sua mãe é a deusa da vingança – eu disse a Ethan. – Temos que respeitar isso?

– Nêmesis representa o equilíbrio! Quando as pessoa tem sorte demais, ela as derruba.

– Foi por isso que ela pegou o seu olho?

– Foi pagamento – ele grunhiu. – Em troca, ela jurou que um dia eu seria o responsável pelo equilíbrio da balança do poder. Eu traria respeito aos deuses menores. Um olho é um pequeno preço a pagar.

– Grande mãe.

– Ao menos ela manteve a sua palavra, ao contrario dos olimpianos. Ela sempre paga as suas dividas - boas ou ruins.

– É! – Eu disse. – Então eu salvo a sua vida, e você me paga levantando Cronos. É justo.

Ethan agarrou o punho da sua espada, mas Prometeu o deteve.

– Bem, bem – o Titã disse. – Estamos em uma missão diplomática.

Prometeu me estudou tentando entender a minha raiva. Então ele acenou com a cabeça como se tivesse pegado algo do meu cérebro.

– Incomoda-te o que aconteceu com Luke – ele decidiu. – Héstia não te mostrou toda a historia. Talvez, se compreendesse...

O Titã se estendeu.

Thalia gritou para me alertar, mas antes que eu pudesse raciocinar, o dedo médio de Prometeu tocou a minha testa.



De repente eu estava de volta à sala de May Castellan. Velas cintilaram sobre a lareira, refletidas nos espelhos ao longo das paredes. Através da porta da cozinha eu podia ver Thalia sentada à mesa enquanto a Sra. Castellan enfaixava a sua perna ferida. Uma Anabeth de sete anos de idade sentava ao seu lado. Brincando coma a Medusa de pelúcia.

Hermes e Luke sentavam afastados, na sala.

A face do deus parecia liquida à luz das velas, como se não soubesse que face adotar. Ele estava vestido em um uniforme da marinha com seus Reeboks alados.

– Por que se mostra agora? – Luke demandou. Ele parecia tenso, como se esperasse uma briga. – Todos esses anos eu venho chamando por você, pedindo para que você aparecesse, e nada. Você me abandonou com ela.

Ele apontou para a cozinha como se não pudesse olhá-la muito menos dizer seu nome.

– Luke, não a desonre – Hermes advertiu. – A sua mãe fez o melhor que pôde. É minha culpa, eu não quis intervir no seu caminho. Os filhos dos deuses têm que encontrar os seus próprios caminhos.

– Então isso é o melhor para mim. Crescendo nas ruas, cuidando de mim mesmo, lutando com monstros.

– Você é meu filho – Hermes disse. – Eu conheço as suas habilidades. Quando eu era um bebê, eu me arrastei pelo meu berço para...

– Eu não sou um deus! Somente uma vez, você poderia ter dito alguma coisa. Poderia ter me ajudado quando... – ele tomou um ar de entendimento, baixando a sua voz para que ninguém na cozinha pudesse ouvir – quando ela tinha um dos seus ataques me balançando e dizendo coisas malucas sobre o meu destino. Quando eu tentava me esconder no armário então ela me encontrava com esses... esses olhos brilhosos. Você nunca se importou se eu estava assustado? Você alguma vez entendeu por que eu fugi?

Na cozinha, Sra. Castellan falava animada, colocando Kool-Aid para Thalia e Anabeth enquanto contava as historias de quando Luke era bebê. Thalia coçava a sua bandagem na perna nervosamente. Anabeth olhou para a sala de estar e ergueu um biscoito para que Luke o visse. Ela mexeu os lábios: Podemos ir agora?

– Luke, eu realmente me importo – Hermes disse calmamente. – Mas os deuses não podem interferir diretamente nas questões mortais. Essa é uma das Leis Antigas. Especialmente quando seu destino...

A sua voz foi desaparecendo. Fitando os candelabros como se lembrasse de algo desagradável.

– O quê? – Luke disse. – O que sobre meu destino?

– Você não deveria ter voltado – Hermes calou. – Isso só pertuba vocês dois. De qualquer modo, eu falei com Quíron no Acampamento Meio-Sangue e pedi para que mandasse um sátiro recolher vocês.

– Nós estamos indo bem sem a sua ajuda – Luke grunhiu. – Agora, o que você estava falando do meu destino?

As asas nos Reeboks alados de Hermes lutaram nervosamente. Ele estudou o seu filho como se tentasse gravar o seu rosto, e de repente uma sensação fria passou por mim. Percebi que Hermes sabia o que os murmúrios de May Castellan significavam. Eu não sabia muito bem como, mas ao olhar para ele eu tinha absoluta certeza. Hermes sabia o que aconteceria a Luke algum dia, que ele se tornaria mau.

– Meu filho – ele disse. – Eu sou o deus dos viajantes, o deus das estradas. Se eu sei de algo, é que você tem que trilhar seu próprio caminho, embora isso quebre o meu coração.

– Você não me ama.

– Eu lhe asseguro que... Eu te amo. Vá para o acampamento. Vou providenciar que você logo tenha uma missão. Talvez você possa matar a hidra, ou roubar as maçãs das Hespérides. Você vai ter a chance de ser um herói antes...

– Antes do que? – A voz de Luke titubeou. – O que fez minha mãe ficar assim? O que vai acontecer comigo? Se você me ama, conte-me.

Hermes apertou o rosto.

– Eu não posso.

– Então você não se importa – Luke gritou.

Na cozinha, a conversa morreu abruptamente.

– Luke – May Castellan chamou. – É você? Meu filhinho está bem?

Luke se virou para esconder o seu rosto, mas eu pude ver as lágrimas nos seus olhos.

– Estou bem. Eu tenho uma nova família. Eu não preciso de nenhum de vocês.

– Eu sou seu pai – Hermes insistiu.

– Um pai supostamente tinha que estar por perto. Eu nunca conheci você. Thalia, Annabeth, vamos! Estamos saindo!

– Meu menino, não vá! – May Castellan chamou atrás dele. – Eu tenho o seu almoço preparado.

Luke saiu como uma tempestade pela porta. Thalia e Annabeth foram desajeitadas atrás dele. May Castellan tentou segui-lo, mas Hermes a puxou de volta. Sobre a visão da porta batida. May Castellan caiu sobre os braços de Hermes e começou a se balançar. Seus olhos abriram – brilhando verdes – e ela desesperada, agarrou os ombros de Hermes.

– Meu filho! – Ela silvou em uma voz seca. – Perigo. Destino terrível.

– Eu sei, meu amor – Hermes disse suavemente. – Acredite em mim, eu sei.



A imagem se afastou. Prometeu tirou o dedo da minha testa.

– Percy? – Thalia perguntou. – O que... O que foi isso?

Percebi que estava inundado em suor.

Prometeu balançou a cabeça simpaticamente.

– Terrível, não é? Os deuses sabem o que está por vir, e mesmo assim não fazem nada, nem pelos seus filhos. Quanto tempo levou para que eles te contassem a sua profecia, Percy Jackson? Você acredita que seu pai não sabe o que vai te acontecer?

Eu estava muito abatido para responder.

– Perrrcy – Grover advertiu. – Ele está brincando com a sua mente, tentando te deixar bravo.

Grover podia ler emoções, então ele podia dizer que Prometeu estava conseguindo.

– Você realmente culpa o seu amigo Luke? – o Titã me perguntou. – E o que sabe sobre você, Percy? Você poderia estar sendo controlado pelo seu destino? Cronos te oferece um acordo muito melhor.

Eu fechei os meus punhos. Eu odiava o que Prometeu havia me mostrado, eu odiava Cronos ainda mais.

– Eu te ofereço um acordo. Diga a Cronos para retirar o seu ataque, deixar o corpo de Luke Castellan, e voltar para as profundezas do Tártaro. Então talvez não tenha que destruí-lo.

A empousa sibilou. O seu cabelo explodiu em chamas frescas, mas Prometeu apenas suspirou.

– Se você mudar de ideia – ele avisou. – Eu tenho um presente para você.

Um vaso grego apareceu sobre a mesa. Ele tinha uns noventa centímetros de altura e trinta de largura, ornamentado com desenhos geométricos em preto e branco. A sua superfície lisa estava com um arnês.

Grover gemeu quando o viu.

Thalia arquejou.

– Esse não é...

– É – Prometeu disse. – Você o reconhece.

Olhando para o vaso tive uma sensação de medo, mas não sabia o porquê.

– Isso pertenceu à minha cunhada – Prometeu explicou. – Pandora.

Algo se formou dentro de mim.

– A da caixa de Pandora?

Prometeu assentiu.

– Eu não sei como esse negócio da caixa começou. Nunca foi uma caixa, isso é um pithos, um jarro para armazenagem. Eu suponho que a expressão “pithos de Pandora” tenha o mesmo significado, mas nunca soube disso. Sim, ela abriu este jarro, que continha a maior parte dos demônios que agora assombram a humanidade: o medo, a morte, a fome e a doença.

– Não se esqueça de mim – a empousa falou.

– Realmente – Prometeu concedeu. – A primeira empousa também estava aprisionada neste jarro e foi libertada por Pandora. Mas o que eu acho mais interessante nesta história - Pandora sempre foi responsável. Ela foi punida por ser curiosa. Os deuses querem que vice acredite que esta é a lição: a humanidade não deve explorar. Não deve fazer perguntas. Deve fazer o que lhes dizem. Na verdade, Percy, este jarro prisão foi feito por Zeus e os outros deuses. Isso foi por vingança a mim e a toda a minha família – meu pobre e simples irmão Epimeteu e a sua esposa Pandora. Os deuses sabiam que ela abriria o jarro. Eles estavam esperando para punir toda a humanidade e nós.

Eu pensei nos meus sonhos com Hades e Maria di Angelo. Zeus havia destruído um prédio inteiro apenas por dois semideuses – só para salvar a sua própria pele, porque ele estava com medo da profecia. Ele matou uma mulher inocente, e provavelmente não perdeu nenhuma noite de sono por isso. Hades não era melhor. Ele não era poderoso o suficiente para ter sua vingança sobre Zeus, então ele puniu o Oráculo, transformando uma moça bonita em uma múmia. E Hermes... Por que ele abandonou Luke? Por que ele não advertiu Luke? Ou então não deixou que se tornasse mal?

Provavelmente Prometeu estava brincando com minha mente.

Mas e se ele estivesse certo? Minha mente ponderou. O que torna os deuses melhores que os Titãs?

Prometeu tampou a boca do jarro de Pandora.

– Somente falta um espírito ser libertado do jarro de Pandora.

– A esperança – eu disse.

Prometeu pareceu satisfeito.

– Muito bem, Percy. Elpis, o Espírito da Esperança, não irá abandonar a humanidade. A esperança não sai se não lhe for dada permissão. Ela só pode ser libertada pelo filho de um homem.

O Titã deslizou o jarro através da mesa.

– Eu te dou isso para que se lembre como os deuses são – ele disse. – Fique Elpis, se você quiser. Mas se concluir que basta de destruição e sofrimento, então abra o jarro. Deixe Elpis ir. Liberte a esperança, eu te asseguro que irá se surpreender. Eu prometo que Cronos será indulgente. Ele poupará os sobreviventes.

Eu olhei para o jarro e tive uma sensação muito ruim. Eu imaginei que, como eu, Pandora sofria de TDAH. Não gostava de tentação. E se essa fosse a minha escolha? Quem sabe a profecia não se resumia a manter esse jarro fechado ou abri-lo?

– Eu não quero essa coisa – eu grunhi.

– Muito tarde – Prometeu avisou. – O presente foi dado, não tem como voltar atrás.

Ele parou, a empousa veio atrás dele e se lhe deu o braço.

– Morrain! – Prometeu chamou o gigante azul. – Nós estamos indo, pegue a sua bandeira.

– Uh-oh – o gigante disse.

– Nós o veremos em breve, Percy Jackson – garantiu Prometeu. – De uma forma ou de outra.

Ethan Nakamura me deu uma última olhada de ódio. Então o grupo de trégua voltou-se e seguiu passeando pela alameda no Central Park, como se aquela fosse uma tarde de domingo comum e ensolarada.

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