sábado, 31 de agosto de 2013

O ultimo olimpiano - capitulo 21





                                       Blacjack é sequestrado

Annabeth e eu estávamos tomando nosso rumo quando eu esbarrei com Hermes num jardim fora do palácio. Ele olhava fixamente uma mensagem de Íris numa fonte.

Eu olhei para Annabeth.

– Te encontro no elevador.

– Tem certeza? – então ela estudou meu rosto. – Sim, você tem certeza.

Hermes não pareceu notar minha aproximação. As mensagens de Íris estavam passando tão rápidas que eu mal pude entendê-las. Notícias mortais se alteravam entre: cenas da destruição de Tifão, os rastros de nossa batalha por Manhattan, o presidente fazendo um discurso, o prefeito de Nova York, alguns veículos de guerra descendo a Avenida das Américas.

– Incrível – Hermes murmurou. Ele se virou para mim. – Três mil anos, e eu ainda me surpreendo com o poder da Névoa... e a ignorância mortal.

– Obrigado, eu acho.

– Ah, não me refiro a você. Mas suponho que devesse.... Recusar a imortalidade!

– Eu fiz a escolha certa.

Hermes me fitou curiosamente, então voltou sua atenção para a mensagem de Íris.

– Olhe para eles. Eles já decidiram que Tifão foi uma série de tempestades. Quem dera. Eles não descobriram como todas as estátuas de Manhattan foram removidas de seus suportes e feitas em pedaços. Eles continuam mostrando uma tomada de Susan B. Anthony estrangulando Frederick Douglass. Mas eu acho que eles encontrarão uma explicação lógica para isso.

– Quão ruim está a cidade?

Hermes deu de ombros.

– Surpreendentemente, não tão ruim. Os mortais estão aturdidos, é claro. Mas isso é Nova York. Eu nunca vi um grupo de humanos tão vivos. Eu imagino que tudo voltará ao normal em algumas semanas; e é claro, eu estarei ajudando.

– Você?

– Eu sou o mensageiro dos deuses. É meu dever monitorar o que os humanos falam e, se necessário, fazê-los entender o que está acontecendo. Vou tranquilizá-los. Acredite em mim, eles vão falar que foi um terremoto, ou uma oscilação do Sol. Qualquer coisa, menos a verdade.

Ele parecia implacável. George e Martha se enrolaram em seu caduceu, mas estavam silenciosas, o que me fez imaginar que Hermes estava realmente bravo. Eu provavelmente deveria ficar em silêncio, mas falei:

– Eu lhe devo desculpas.

Hermes me olhou suspeito.

– E por que seria?

– Eu pensei que você fosse um pai ruim – eu disse. – Eu pensei que você tivesse abandonado Luke por saber seu destino e feito nada para ajudá-lo.

– Eu sabia o destino dele – Hermes falou miseravelmente.

– Mas você sabia mais do que o lado ruim, que ele se passaria para o lado do mal. Você entendeu o que ele faria no fim. Você sabia que ele faria a escolha certa. Mas você não poderia contar a ele, poderia?

Hermes encarou a fonte.

– Ninguém pode lidar com o destino, Percy, nem mesmo um deus. Se eu tivesse contado a ele o que estava por vir, ou tentado influenciar suas escolhas, teria tornado as coisas ainda piores. Ficar quieto, ficar longe dele... foi a coisa mais difícil que eu já fiz.

– Você teve de deixar que ele escolhesse seu próprio caminho – eu disse – e que ele tivesse sua participação na salvação do Olimpo.

Hermes suspirou.

– Eu não deveria ter ficado bravo com Annabeth. Quando Luke a visitou em São Francisco... bem, eu sabia que ela teria um papel importante no destino dele. Isso eu previ. Eu pensei que talvez ela pudesse fazer o que eu não podia e salvar Luke. Quando ela recusou ir com ele, eu mal pude conter minha raiva. Eu devia saber melhor. Eu estava furioso comigo mesmo.

– Annabeth o salvou – eu disse. – Luke morreu um herói. Ele deu a vida para acabar com Cronos.

– Eu aprecio suas palavras, Percy, mas Cronos não morreu. Não se pode matar um Titã.

– Então...

– Eu não sei – ele grunhiu. – Nenhum de nós sabe. Viram areia. Dispersam ao vento. Com sorte, espalhou-se tanto que nunca mais poderá formar uma consciência de novo, muito menos um corpo. Mas não acredite que ele está morto, Percy.

Meu estômago deu um solavanco.

– Mas e quanto aos outros Titãs?

– Escondendo-se – Hermes disse. – Prometeu enviou a Zeus uma carta com um pedido de desculpas por aliar-se a Cronos. “Eu estava tentando minimizar os danos”, blá blá blá. Ele terá que ficar de cabeça baixa por alguns anos, se for esperto. Crio fugiu e o monte Ótris se desintegrou em ruínas. Oceano recuou quando ficou claro que Cronos perderia. Entretanto, meu filho Luke morreu. Ele acreditou que eu não me importava com ele. Eu nunca vou me perdoar.

Hermes golpeou a mensagem de Íris com o caduceu, e ela desapareceu.

– Há muito tempo atrás – eu disse – você me disse que a coisa mais difícil em ser um deus era não poder ajudar os filhos. Você também me disse que não se pode abandonar a família, por mais tentador que seja.

– E agora você sabe que eu sou um hipócrita?

– Não, você estava certo. Luke te amava. No fim, ele percebeu seu destino. Eu acho que ele percebeu porque você não podia ajudá-lo. Ele se lembrou do que era importante.

– Tarde demais para ele e para mim.

– Você tem outros filhos. Honre Luke reconhecendo-os. Todos os deuses podem fazer isto.

Hermes deu de ombros.

– Eles tentarão, Percy. Oh, tentaremos manter nossas promessas. E talvez por um tempo as coisas melhorem. Mas nós deuses não somos bons em manter juramentos. Você nasceu de uma promessa quebrada, não foi? Eventualmente nós esqueceremos. É sempre assim.

– Vocês podem mudar.

Hermes riu.

– Depois de três milênios, você acha que os deuses podem mudar sua natureza?

– Sim – eu disse. – Eu acho.

Ele pareceu surpreso.

– Você acha... que Luke realmente me amava? Depois de tudo que aconteceu?

– Tenho certeza.

Hermes encarou a fonte.

– Te darei uma lista de meus filhos. Há um garoto em Wisconsin. Duas garotas em Los Angeles. Alguns outros. Você cuidará para que eles cheguem ao acampamento?

– Prometo – eu disse. – E não me esquecerei.

George e Martha se entrelaçavam no caduceu. Eu sabia que cobras não podiam rir, mas elas pareciam estar tentando.

– Percy Jackson – disse Hermes – talvez você possa mesmo nos ensinar uma ou duas coisinhas.



Outra deusa me esperava no caminho para sair do Olimpo. Atena me esperava de braços cruzados e uma expressão que me fez pensar Uh-oh. Ela havia trocado a armadura por jeans e uma blusa branca, mas ela não parecia menos preparada para uma guerra. Seus olhos cinzentos brilharam.

– Bem, Percy – ela disse. – Você continuará mortal.

– Hã, sim senhora.

– Gostaria de saber suas razões.

– Eu queria ser um cara comum. Queria crescer. Ter, você sabe, uma experiência escolar normal.

– E minha filha?

– Eu não podia deixá-la – admiti, a garganta seca. – Ou Grover – eu adicionei rapidamente. – Ou...

– Poupe-me.

Atena ficou mais perto de mim, e eu podia sentir sua aura fazendo minha pele formigar.

– Eu avisei você antes, Percy Jackson, que ao salvar um amigo você destruiria o mundo. Talvez eu estivesse errada. Você parece ter salvado tanto seus amigos quanto o mundo. Mas pense com muito cuidado em como vai agir a partir daqui. Eu te dei o benefício da dúvida. Não estrague tudo.

Só para deixar mais claro, ela irrompeu em chamas e desapareceu, chamuscando a parte da frente da minha camiseta.



Annabeth me esperava no elevador.

– Por quê você está cheirando fumaça?

– Longa história – eu disse.

Juntos descemos ao térreo. Nenhum de nós disse nada. A música era horrível – Neil Diamond ou algo do tipo. Eu deveria ter pedido isso aos deuses também: músicas mais legais no elevador.

Quando chegamos ao lobby, eu vi minha mãe e Paul discutindo com o cara da portaria, que tinha voltado ao trabalho.

– Estou te dizendo – minha mãe gritou. – Nós temos que subir! Meu filho... – Então ela me viu e seus olhos se arregalaram. – Percy!

Ela me abraçou até me deixar sem ar.

– Nós vimos o prédio se iluminar todo de azul – ela disse. – Mas você não descia. Você subiu horas atrás!

– Ela estava ficando meio ansiosa – Paul disse.

– Tá tudo bem – prometi enquanto minha mãe abraçava Annabeth. – Tá tudo bem agora.

– Senhor Blofis – Annabeth disse. – Aquela foi uma manobra magistral com a espada.

Paul deu de ombros.

– Parecia a coisa a ser feita. Mas Percy, é mesmo... quero dizer, essa história de sexcentésimo andar?

– O Olimpo – eu disse. – Sim.

Paul olhou o prédio sonhadoramente.

– Eu gostaria de ver isso.

– Paul – minha mãe falou. – Não é para mortais. De qualquer maneira, o importante é que estamos salvos. Todos nós.

Eu estava quase relaxando. Tudo parecia perfeito. Annabeth e eu estávamos bem. Minha mãe e Paul sobreviveram. O Olimpo estava salvo. Mas a vida de um semideus nunca é fácil. Então Nico correu pela rua, e sua expressão me disse que havia algo de errado.

– É Rachel – ele disse. – Acabei de esbarrar com ela na Rua 32.

Annabeth franziu a sobrancelha.

– O que é que ela fez dessa vez?

– É pra onde ela foi – Nico disse. – Eu disse a ela que ela morreria se tentasse, mas ela insistiu. Ela apenas pegou Blackjack e...

– Ela pegou meu pégaso?

Nico assentiu.

– Ela está indo para o Acampamento Meio-Sangue. Ela disse que tinha que chegar ao Acampamento.


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