quarta-feira, 16 de outubro de 2013

Capitulo XXXVI - Frank








FRANK TOMOU BANHO O MAIS RÁPIDO POSSÍVEL, colocou as roupas que Hazel tinha separado – uma camisa verde oliva com calça bege, sério? – então pegou seu arco e aljava reserva e subiu as escadas do sótão.
O sótão estava cheio de armas. Sua família tinha colecionado armamento o suficiente para abastecer um exército. Escudos, lanças e aljavas de flechas estavam pendurados ao longo da parede – quase tanto quanto no arsenal do Acampamento Júpiter. No canto da janela, uma balista escorpião estava montada e carregada, pronta para agir. Na frente da janela estava algo parecido com uma metralhadora com um grupo de barris.
— Fogos de artifício? — ele se perguntou em voz alta.
— Não, não — disse uma voz do canto. — Batatas. Ella não gosta de batatas.
A harpia tinha feito um cesto para si mesma entre dois baús velhos. Estava sentada em uma pilha de pergaminhos chineses, lendo sete ou oito de uma vez.
— Ella — Frank disse — onde estão os outros?
— Telhado. — Ela olhou para cima, então voltou a ler, alternadamente tocando as penas e virando páginas. — Telhado. Vendo ogros. Ella não gosta de ogros. Batatas.
— Batatas?
Frank não entendeu até girar a metralhadora. Seus oito barris estavam carregados com batatas. Na base da arma, uma cesta estava cheia com mais munição comestível.
Ele olhou para fora da janela – a mesma janela que sua mãe o havia assistido quando ele encontrou com o urso. No jardim, os ogros estavam se batendo, socando uns aos outros, ocasionalmente gritando para a casa e atirando bolas de canhão de bronze que explodiam no meio do ar.
— Eles têm bolas de canhão — Frank disse. — E nós temos uma arma de batata.
— Amido — Ella disse pensativa. — Amido é mau para ogros.
A casa sacudiu com outra explosão. Frank precisava chegar no telhado e ver como Percy e Hazel estavam se saindo, mas se sentiu mal de deixar Ella sozinha.
Ele ajoelhou perto dela, tomando cuidado de não chegar muito perto.
— Ella, não é seguro aqui com os ogros. Vamos voar para o Alasca logo. Vai vir com a gente?
Ella se contorceu desconfortável.
— Alasca. Um milhão e setecentos quilômetros quadrados. Mamífero do estado: o alce.
De repente ela trocou para o latim, que Frank só conseguiu acompanhar graças às aulas do Acampamento Júpiter.
— Para o norte além dos deuses, a coroa da legião está. Caindo do gelo, o filho de Netuno afogará... — ela parou e coçou seu cabelo vermelho bagunçado. — Hmm. Queimado. O resto está queimado.
Frank conseguiu respirar com dificuldade.
— Ella, essa... essa era uma profecia? Onde leu isso?
— Alce — Ella disse, saboreando a palavra. — Alce. Alce. Alce.
A casa sacudiu novamente. Pó choveu das vigas. Do lado de fora, um ogro clamou:
— Frank Zhang! Apareça!
— Não — Ella disse. — Frank não deve. Não.
— Só... fique aqui, certo? — Frank disse. — Tenho que ajudar Hazel e Percy.
Ele puxou a escada de mão para o telhado.
— Bom dia — Percy disse sombriamente. — Lindo dia, não?
Ele vestia as mesmas roupas do dia anterior – jeans, sua camiseta roxa, e jaqueta Polartec – mas elas obviamente tinham sido lavadas. Ele segurava sua espada em uma mão e uma mangueira de jardim na outra. Por que havia uma mangueira de jardim no telhado, Frank não tinha certeza, mas toda vez que os gigantes lançavam uma bola de canhão, Percy invocava uma poderosa rajada de água e detonava a esfera no meio do ar. Então Frank lembrou – a família dele descendia de Poseidon, também. A vovó disse que sua casa tinha sido atacada antes. Talvez eles tivessem colocado uma mangueira lá em cima por essa razão.
Hazel patrulhava a varanda entre as duas frontes do sótão. Ela parecia tão bonita que fez o peito de Frank doer. Vestia jeans, uma jaqueta cor de creme e uma camisa branca que fazia sua pele parecer tão escura quando chocolate. Seu cabelo encaracolado caía sobre os ombros. Quando chegou mais perto, Frank pôde sentir o cheiro do xampu de jasmim. Ela agarrou a espada. Quando olhou para Frank, seus olhos brilharam com preocupação.
— Está tudo bem? — ela perguntou. — Por que está sorrindo?
— Ah, hã, nada — ele disse. — Valeu pelo café da manhã. E as roupas. E... por não me odiar.
Hazel pareceu perplexa.
— Por que eu te odiaria?
O rosto de Frank queimou. Ele desejou ter mantido a boca fechada, mas era tarde demais agora. Não deixe ela se afastar, sua avó havia dito. Você precisa de mulheres fortes.
— É que... na noite passada — ele gaguejou — Quando invoquei o esqueleto. Achei... achei que você achou... que fui repulsivo... ou algo do tipo.
Hazel ergueu as sobrancelhas. Ela sacudiu a cabeça assustada.
— Frank, talvez eu tenha ficado surpresa. Talvez assustada com aquilo. Mas com repulsa? Do jeito que comandou aquilo, tão confiante e tudo... tipo Ah, de qualquer forma, caras, tenho todos esses spartus que podemos usar. Eu não acreditei. Não fiquei com repulsa, Frank. Fiquei impressionada.
Frank não teve certeza que ouviu direito.
— Você ficou... impressionada... comigo?
Percy riu.
— Cara, você foi muito incrível.
— Honestamente? — Frank perguntou.
— Honestamente — Hazel prometeu. — Mas agora temos outros problemas com que nos preocupar. Certo?
Ela apontou para o exército de ogros, que estava ficando cada vez mais ousado, chegando mais e mais perto da casa.
Percy preparou a mangueira de jardim.
— Tenho mais um truque na manga. Esse gramado tem um sistema de irrigação. Posso ligar e causar alguma confusão ali embaixo, mas isso vai destruir a pressão d'água. Sem pressão, sem mangueira e aquelas bolas de canhão vão acabar com a casa.
O elogio de Hazel ainda estava zunindo nos ouvidos de Frank, deixando difícil de pensar. Dúzias de ogros estavam acampados no gramado, esperando para dilacerá-lo e Frank mal pôde controlar a vontade de sorrir.
Hazel não o odiava. Ela estava impressionada.
Ele forçou-se a se concentrar. Lembrou do que sua avó havia dito sobre a natureza de seu dom, e como ele a tinha deixado ali para morrer.
Você tem um papel a desempenhar, Marte tinha dito.
Frank não conseguiu acreditar que ele era a arma secreta de Juno, ou que essa Grande Profecia dos Sete dependia dele. Mas Hazel e Percy estavam contando com ele. Tinha que fazer seu melhor. Pensou sobre aquela parte da profecia estranha que Ella tinha recitado no porão, sobre o filho de Netuno se afogando.
Você não entende seu verdadeiro valor, Fineu lhe disse em Portland. O velho cego achava que controlar Ella faria dele um rei. Todas aquelas peças do quebra-cabeça giravam pela mente de Frank. Teve a impressão que quando finalmente se encaixassem, criariam um cenário que ele não gostaria.
— Pessoal, tenho um plano de fuga — ele contou a seus amigos sobre o avião esperando no campo de pouso e a nota de sua avó para o piloto. — Ele é veterano da legião. Vai nos ajudar.
— Mas Arion não voltou — Hazel disse. — E a sua avó? Não podemos simplesmente deixá-la aqui.
Frank sufocou um soluço.
— Talvez... talvez Arion nos encontre. Quanto à minha avó... ela foi bem clara. Ela disse que vai ficar bem.
Isso não era exatamente verdade, mas foi o máximo que Frank pôde dizer.
— Tem outro problema — Percy disse. — Não sou bom em viajar no ar. É perigoso para um filho de Netuno.
— Vai ter que arriscar... e eu também — Frank disse. — Pelo jeito, somos parentes.
Percy quase caiu do telhado.
— O quê?
Frank contou uma versão de cinco segundos.
— Poriclimeno. Ancestral do lado da minha mãe. Argonauta. Neto de Poseidon.
Hazel ficou de boca aberta.
— Você é um... um descendente de Netuno? Frank, isso é...
— Loucura? É. E há esse dom que minha família tem, supostamente. Mas não sei como usar. Se eu pudesse descobrir...
Outra enorme agitação veio dos lestrigões. Frank percebeu que estavam olhando para ele, apontando, acenando e rindo. Eles tinham avistado seu café da manhã.
— Zhang! — eles gritavam. — Zhang!
Hazel chegou mais perto dele.
— Eles continuam fazendo isso. Por que estão gritando seu nome?
— Não importa — Frank disse. — Escuta, temos que proteger Ella, levá-la com a gente.
— Claro — Hazel disse — A pobrezinha precisa da nossa ajuda.
— Não — Frank disse. — Quer dizer, é, mas não é só isso. Ela recitou uma profecia lá embaixo. Acho... acho que é sobre essa missão.
Ele não queria contar a Percy sobre a má notícia, sobre um filho de Netuno se afogando, mas repetiu as linhas.
A mandíbula de Percy se contraiu.
— Não sei como um filho de Netuno pode se afogar. Consigo respirar debaixo d’água. Mas a coroa da legião...
— Deve ser a águia — Hazel disse.
Percy assentiu.
— E Ella recitou algo assim uma vez em Portland... uma linha da Grande Profecia.
— Da o quê? — Frank perguntou.
— Te conto depois.
Percy ligou a mangueira de jardim e acertou outra bola de canhão no céu. Ela explodiu em uma bola de fogo laranja. Os ogros aplaudiram com apreciação e gritaram:
— Lindo! Lindo!
— O negócio é — Frank falou — Ella lembra de tudo o que leu. Disse algo sobre a página estar queimada, como se tivesse lido um texto de profecias danificado.
Os olhos de Hazel alargaram.
— Livros de profecia queimados? Você não acha... mas isso é impossível!
— Os livros que Octavian queria, no acampamento? — Percy adivinhou.
Hazel respirou profundamente.
— Os livros sibilinos perdidos que esboçaram o destino inteiro de Roma. Se Ella leu uma cópia de algum jeito, e memorizou...
— Então ela é a harpia mais valiosa do mundo — Frank completou. — Não é à toa que Fineu quis capturá-la.
— Frank Zhang! — um ogro gritou lá em baixo. Ele era maior que o resto, vestia uma capa de pele de leão do tamanho de um estandarte romano e um babador com uma lagosta desenhada no centro. — Desça, filho de Marte! Estivemos esperando por você. Venha, seja nosso honorável convidado!
Hazel agarrou o braço de Frank.
— Por que tenho a impressão que “honorável convidado” é o mesmo que “jantar”?
Frank desejou que Marte estivesse ali. Ele podia usar alguém para estalar os dedos e fazer esse nervosismo de batalha ir embora.
Hazel acredita em mim, pensou. Eu posso fazer isso.
Ele olhou para Percy.
— Sabe dirigir?
— Claro. Por quê?
— O carro da minha avó está na garagem. É um Cadillac velho. O troço é como um tanque. Se puder ligá-lo...
— Ainda vamos ter que passar por uma linha de ogros — Hazel disse.
— O sistema de irrigação — Percy disse. — Usar como distração?
— Exatamente. Vou tomar o maior tempo que puder. Peguem Ella e coloquem-na no carro. Vou tentar encontrar vocês na garagem, mas não esperem por mim.
Percy franziu o cenho.
— Frank...
— Nos dê sua resposta, Frank Zhang! — o ogro gritou. — Desça, e vamos poupar os outros – seus amigos, sua pobre vovozinha. Só queremos você!
— Eles estão mentindo — Percy murmurou.
— É, eu sei disso — Frank concordou. — Vão!
Seus amigos correram para a escada.
Frank tentou controlar o batimento do coração. Ele sorriu ironicamente e gritou:
— Ei, aí embaixo! Quem está com fome?
Os ogros aplaudiram enquanto Frank passeava pela varanda e acenava como uma estrela do rock. Frank tentou invocar o dom da família. Ele se imaginou como um dragão que cospe fogo. Esticou e cerrou os punhos e pensou sobre dragões, gotas de suor apareceram na testa.
Ele queria derrubar e destruí-los. Isso seria muito legal. Mas nada aconteceu. Ele não tinha dica de como fazer aquilo. Nunca tinha visto um dragão de verdade. Por um momento de pânico, se perguntou se a vovó tinha pregado alguma peça cruel nele. Talvez tivesse subestimado o dom. Talvez Frank fosse o único membro da família que não tinha herdado. Seria bem a sua sorte.
Os ogros começaram a se agitar. Os aplausos viraram vaias. Alguns lestrigões ergueram as bolas de canhão.
— Calma aí! — Frank gritou. — Vocês não querem me reduzir a carvão, não é? Não vou ter gosto desse jeito.
— Desce! — eles gritaram — Fome!
Hora do Plano B. Frank desejou ter um.
— Prometem poupar meus amigos? — Frank perguntou. — Juram pelo rio Estige?
Os ogros riram. Um atirou uma bola de canhão que passou raspando pela cabeça de Frank e atingiu a chaminé. Por algum milagre, Frank não foi acertado pelos estilhaços.
— Vou tomar isso como um não — ele murmurou. Então gritou: — Tá bom, tudo bem! Vocês venceram! Vou ir aí embaixo. Esperem aí!
Os ogros aplaudiram, mas seu líder na pele de leão fez uma careta suspeita. Frank não teria muito tempo. Ele desceu a escada para o sótão. Ella tinha ido embora. Esperava que isso fosse um bom sinal. Talvez eles tivessem levado-a para o Cadillac. Ele pegou uma aljava extra de flechas que estava marcada como diversificadas com a caligrafia elegante de sua mãe. Então correu para a metralhadora.
Frank girou a metralhadora, mirou no ogro líder e apertou o gatilho. Oito batatas acertaram o gigante no peito com tanta força que ele caiu em um grupo de bolas de canhão de bronze, que na hora explodiram, deixando uma cratera soltando fumaça no jardim.
Aparentemente amido era ruim para ogros.
Enquanto o resto dos monstros corria para todos os lados, confusos, Frank puxou seu arco e fez chover flechas neles. Algumas delas detonaram com o impacto. Outras estilhaçaram como chumbo e deixaram os gigantes com novas tatuagens dolorosas. Uma acertou um ogro e instantaneamente o transformou em uma roseira.
Infelizmente, os ogros se recuperaram rapidamente. Começaram a atirar bolas de canhão – dúzias por vez. A casa inteira gemeu com o impacto. Frank correu para as escadas. O sótão se desintegrou atrás dele. Fumaça e fogo pairavam pelo segundo andar.
— Vó! — ele gritou, mas o calor estava tão intenso que ele não pôde alcançar o quarto.
Ele correu para o térreo, agarrado ao corrimão enquanto a casa sacudia e blocos enormes do teto caíam. A base da escada era uma cratera fumegante. Ele saltou e cambaleou pela cozinha. Tossindo por causa das cinzas e da fuligem, ele disparou para a garagem. Os faróis do Cadillac estavam ligados. O motor estava funcionando e a porta da garagem estava abrindo.
— Entra! — Percy gritou.
Frank mergulhou no banco de trás ao lado de Hazel. Ella estava encolhida na frente, sua cabeça aninhada debaixo das asas, murmurando:
— Credo. Credo. Credo.
Percy ligou o motor. Eles dispararam da garagem antes de estar totalmente aberta, deixando um buraco na madeira lascada em forma de Cadillac.
Os ogros correram para interceptar, mas Percy gritou o máximo que seus pulmões podiam aguentar, e o sistema de irrigação explodiu. Centenas de litros d’água foram jogados no ar com nuvens de pó, peças de tubo e pulverizadores bem pesados.
O Cadillac estava chegando a quarenta por hora quando acertaram o primeiro ogro, que desintegrou com o impacto. Quando os monstros superaram a confusão, o Cadillac estava a meio quilômetro de distância na estrada. Bolas de canhão flamejantes queimavam atrás deles.
Frank olhou para trás e viu a mansão de sua família incendiando, as paredes colidindo e fumaça subindo no céu. Ele viu um enorme cisco preto – talvez um urubu – circulando o incêndio. Devia ter sido imaginação de Frank, mas achou que o urubu saiu voando da janela do segundo andar.
— Vovó? — ele murmurou.
Parecia impossível, mas ela prometeu que morreria do seu jeito, não nas mãos dos ogros. Frank esperava que ela estivesse certa. Eles dirigiram pelas árvores e rumaram para o norte.
— Quase cinco quilômetros! — Frank disse. — Não pode esquecer isso!
Atrás deles, mais explosões rompiam a floresta. Fumaça subia ao céu.
— A que velocidade os lestrigões podem correr? — Hazel disse.
— Não queremos descobrir — Percy respondeu.
Os portões do campo de pouso apareceram antes deles – só alguns metros de distância. Um jato privado estava parado na pista de decolagem. Suas escadas estavam abaixadas.
O Cadillac atingiu uma lombada e foi para o ar. A cabeça de Frank bateu no teto. Quando os pneus tocaram o chão, Percy pisou nos freios, e eles deslizaram até parar do lado de dentro das portas.
Frank desceu e pegou seu arco.
— Vamos para o avião! Eles estão vindo!
Os lestrigões estavam chegando perto em velocidade alarmante. A primeira linha de ogros apareceu nas árvores e cercou o campo de pouso – quinhentos metros de distância, quatrocentos metros de distância...
Percy e Hazel ajudaram Ella a sair do Cadillac, mas assim que a harpia viu o avião, começou a guinchar.
— N-n-não! — ela gritou. — Voar com asas! S-s-sem aviões.
— Está tudo bem — Hazel prometeu. — Vamos te proteger!
Ella deu um choro horrível e doloroso como se estivesse sendo queimada.
Percy ergueu as mãos, exasperado.
— O que vamos fazer? Não podemos forçá-la.
— Não — Frank concordou.
Os ogros estão a trezentos metros.
— Ela é muito valiosa para ser deixada para trás — Hazel disse. Então ela encolheu com suas próprias palavras. — Deuses, me desculpe, Ella. Falei como o Fineu. Você é um ser vivo, não um tesouro.
— Sem aviões. S-s-sem aviões — Ella estava hiperventilando.
Os ogros estavam quase perto o bastante para atirar.
Os olhos de Percy clarearam.
— Tive uma ideia. Ella, pode se esconder nas árvores? Vai estar a salvo dos ogros.
— Esconder — Ella concordou. — Salva. Esconder é bom para harpias. Ella é rápida. E pequena. E rápida.
— Certo — Percy disse. — Só fique por perto dessa área. Posso mandar um amigo para te encontrar e te levar para o Acampamento Júpiter.
Frank ergueu o arco e pegou uma flecha.
— Um amigo?
Percy fez um gesto de te conto depois.
— Ella, gostaria de fazer isso? Gostaria que meu amigo te levasse para o Acampamento Júpiter e te mostrasse a nossa casa?
— Acampamento — Ella murmurou. Então em latim: — A filha da sabedoria caminha solitária. A marca de Atena por toda Roma é incendiária.
— Hã, certo — Percy disse. — Isso soa importante, mas vamos falar sobre isso depois. Vai estar a salvo no acampamento. Todo livro e comida que quiser.
— Sem aviões — ela insistiu.
— Sem aviões — Percy concordou.
— Ella vai se esconder agora.
Simples assim, ela se foi – um borrão vermelho desaparecendo nas árvores.
— Vou sentir falta dela — Hazel disse tristemente.
— Vamos vê-la de novo — Percy prometeu, mas franziu o cenho desconfortavelmente, como se estivesse realmente incomodado com essa última parte da profecia – a parte sobre Atena.
Uma explosão lançou as portas do campo de pouso para o ar. Frank deu a carta de sua avó para Percy.
— Mostre isso ao piloto! Mostre a carta de Reyna também! Temos que sair agora.
Percy assentiu. Ele e Hazel correram para o avião. Frank foi para trás do Cadillac e começou a atirar nos ogros. Ele mirou na maior horda de inimigos e atirou uma flecha em forma de tulipa.
Assim como esperava, era uma hidra. Cordas atacaram como tentáculos de lula, e a frente inteira da horda de monstros viraram pó na hora.
Frank ouviu os motores do avião rodarem. Ele atirou mais três flechas o mais rápido que pôde, explodindo crateras enormes nas fileiras de monstros. Os sobreviventes só estavam a cem metros de distância, e alguns dos mais brilhantes cambalearam até parar, percebendo que agora estavam sendo atacados.
— Frank! — Hazel gritou. — Vamos!
Uma bola de canhão em chamas foi atirada nele em arco. Frank soube instantaneamente que acertaria o avião. Ele tirou uma flecha. Eu posso fazer isso, pensou. Ele deixou a flecha voar. Ela interceptou a bola de canhão no meio do ar, detonando em uma enorme bola de fogo. Outras duas bolas de fogo foram lançadas na direção dele. Frank correu.
Atrás dele, o metal grunhiu enquanto o Cadillac explodia. Ele mergulhou no avião bem quando as escadas começavam a erguer. O piloto devia ter entendido a situação muito bem. Não houve anúncio de segurança, nem petiscos, e o avião correu pela pista. Outra explosão acertou a pista atrás deles, mas então eles já estavam no ar.
Frank olhou pra baixo e viu o campo de pouso repleto de crateras como uma peça de queijo suíço. Trechos do Lynn Canyon Park estavam em chamas. Alguns quilômetros ao sul, uma pilha de chamas rodopiando e fumaça preta era tudo o que restava da mansão da família Zhang.
Era muito para Frank estar impressionado. Ele tinha falhado em salvar sua avó. Tinha falhado em usar seus poderes. Não tinha nem mesmo salvo sua amiga harpia. Quando Vancouver desapareceu debaixo das nuvens, Frank escondeu sua cabeça nas mãos e começou a chorar.
O avião virou para a esquerda.
Direto do intercomunicador a voz do piloto disse:
— Senatus Populusque Romanus, meus amigos. Bem-vindos a bordo. Próxima parada: Anchorage, Alasca.

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